18/11/2010

Será que alguém se conhece verdadeiramente?



Nosso cotidiano com suas imensas surpresas a cada novo dia acaba que nos colocando em prova todo dia. Não é fácil ter serenidade, coragem, segurança ou então encontrar um ponto de equilíbrio para tocar em frente a nossa vida.

Muitas pessoas acabam por perderem as "estribeiras" e com isto passam a serem mal vistas pela sociedade ou então rotuladas e várias coisas.

A grande verdade é que estamos num processo de evolução total, não somente no tocante a tecnologia, ao desenvolvimento do lugar onde habitamos, mas de nós como seres humanos.

Pois toda pessoa tem dentro de si um mundo ao qual ninguém mais tem acesso. Nele moram nossos desejos inconfessáveis, nossas mágoas mais profundas, lembranças que trancamos por vergonha, sentimentos que não encontram lugar no dia a dia, fantasias alimentadas a conta gotas e tudo mais o que não compartilhamos a toda hora ou com qualquer um sobre quem somos de verdade.

.Nem todas as pessoas gostam de manter uma relação lúdica com esse universo que habita nosso ser. Pois ele também abriga nossos piores sentimentos e as instâncias de nossa personalidade que ainda estão mergulhadas no caos ou em período de quarentena.

Ele não permite máscaras e revela o que o espelho não nos mostra cotidianamente. E é mesmo tarefa árdua mergulhar nas sombras e encontrar nossos monstros despertando de um sono profundo.

Algumas pessoas só visitam esse mundo em sonhos, pois os mantém sob máximo controle e vigilância. Outras, nele transitam de vez em quando e esboçam confissões para os poucos em quem confiem.

Quem faz análise ou terapia é convidado a acessar esse mundo escondido com maior frequência. Os que trabalham com arte, encontram ali vasto material em ebulição a ser transformado.

Há quem prefira manter esse universo trancado e se recuse a encará-lo. E para fugir de qualquer encontro indesejado, entregam-se exaustivamente às suas vidas profissionais, às compras, ao sexo, às drogas, à comida - a qualquer coisa que os aliene da existência desse "lugar" sob o qual não se tem total domínio e pode, em alguns momentos, causar dor e desestabilizar nosso ego.

. Viver imerso nele também não é saudável. Ninguém suporta a intensidade da convivência exaustiva com os próprios fantasmas.

É preciso existir a constância de respirar ares mais leves e navegar em águas calmas para que se possa resistir às tempestades.

. Mas para quem tem como objetivo desenvolver-se em todas as suas potencialidades e apropriar-se verdadeiramente de si mesmo, é fundamental que ouse mergulhar nas águas turvas desse universo interno e aprenda a nomear sentimentos, entender contradições e saber lidar com isto. Porque isso tudo faz parte de quem somos e pretendemos ser.

Publicado no dia 18/11/2010 no Jornal O Sentinela

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