27/08/2011

Insensato Coração e a homofobia.

Como disse na semana passada estou com temas pendentes que são objetos de solicitação de leitores da minha coluna. Aqui então vai um deles, que foi indicado por um amigo e leitor, o qual não citarei seu nome porque não pedi permissão, mas se trata de uma pessoa íntegra, de grande coração e preocupada com a saúde social.

Dizer que o preconceito não existe mais é blefar, na verdade muitos de nós somos preconceituosos. E este preconceito fica mascarado pela cortina da hipocrisia. Num outro texto onde trouxe o tema preconceito como foco, tive relatos de pessoas que se descobriram preconceituosas, pois elas diziam não ser, porém quando as provoquei a pensar e se questionar em casos particulares e isolados dentro de suas famílias, a grande maioria não aceitou. É fácil dizer que não tem preconceito quando é o outro, de outra família.
Os seguimentos da sociedade que tem oportunidade e até legitimidade para abordar o tema, devem investir em educação sexual com foco na homofobia, pra quem não sabe o que é: “É o ódio, o medo ou aversão aos homossexuais, pessoas que têm atração afetiva ou sexual pelo mesmo sexo.
A homofobia é a causa principal da discriminação e violência contra essas pessoas, um ato que gerou e ainda gera muitas injustiças e exclusão social. Hoje, para combater essa discriminação contra homossexuais é necessário começar pela educação em escolas de todo país, com aulas que orientem os alunos sobre os direitos homossexuais, sobre gênero e identidade sexuais, pois muitas crianças e adolescentes estão cheios de dúvidas a respeito, estão descobrindo seus próprios corpos e precisam ser orientados sobre homossexualidade. Aqui em nosso município, eu pelo menos, não tenho conhecimento, mas em cidades grandes é comum, as famílias não aceitarem os garotos homossexuais e os expulsarem de casa, restando como único meio de vida, a prostituição. Poderíamos comparar uma travesti a uma ilha, só que aos invés de estar cercada de água por todos os lados está cercada pela violência. A prostituição um dia acaba, não é para a vida toda. Por tal a educação é fundamental para que, desde o início da vida, as pessoas aprendam a entender a diversidade e a aceitá-la, fazendo com que não haja mais homofobia nas escolas e em nenhum outro lugar. Só assim, ensinando a juventude, é que nosso país formará pessoas melhores e verdadeiros cidadãos.
A poderosa Rede Globo de Televisão, vem abordando assuntos polêmicos da nossa sociedade, que ainda estão presos a “tabus” e “paradigmas” que lentamente estão sendo quebrados, com a evolução, modernidade e mudança de comportamento das atuais gerações. Por ser um veículo de comunicação com o poder de formar opinião que tem, ajuda e muito a aliviar o sofrimento de pessoas que há anos sonham em serem livres para viverem suas vidas sem serem maltratadas por uma orientação sexual que não é a mesma da grande maioria das pessoas, mas que segundo estudos, não é algo que tange no campo da escolha, porque certamente ninguém escolheria fazer parte de um grupo que precisa lutar para ter seus diretos observados. Neste momento entra a Globo, coloca em cena através da trama de suas novelas as feridas da sociedade, fazendo muita gente se envergonhar de agir como age, recentemente na novela findada na semana passada, Insensato Coração abriu espaço para mostrar um pouco da realidade brasileira. Na novela foi bem explorado a questão da homofobia, permitindo que reacendesse novas discussões em prol da erradicação não somente do preconceito, mas das agressões e crueldade dispensada a pessoas que são de carne e osso, que sonham e buscam a felicidade, assim como qualquer um de nós.
O Brasil está tentando erradicar este mau através do programa Brasil Sem Homofobia, servindo de base fundamental para ampliação e fortalecimento do exercício da cidadania no país. Um verdadeiro marco histórico na luta pelo direito à dignidade e pelo respeito à diferença. É o reflexo da consolidação de avanços políticos, sociais e legais tão duramente conquistados.
As políticas públicas traduzidas no Programa serão exitosas porque é uma decisão de todos, elaboradas pelo consenso. Entretanto, a participação de cada um de nós como cidadão é importante para a consolidação dos direitos humanos como direito de todos.
Publicado no Jornal O Sentinela no dia 25 de agosto de 2011.

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